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sábado, 18 de abril de 2015

 A Cruz do Patrão



Recife, a Veneza brasileira, conhecida como a Capital do Frevo, onde tem o famoso Galo da madrugada que reúne pessoas de todos os lugares, onde encontramos diversas culturas, cidade maravilhosa e belíssima, Recife um cidade que respira turismo até a noite, também tem sua história repleta de lendas que são passadas de geração em geração, acreditando ou não, vamos conhecer uma das lendas mais famosas da cidade e também o lugar que sem dúvida é o mais assombrado.





A Cruz do Patrão, fica onde antes existia istmo que o Recife a Olinda, às margens do Rio Beberibe. É uma coluna de alvenaria , erigida não se sabe precisamente quando, entre as fortalezas do Brum e do Buraco. Servia de baliza para os barcos que chegavam para atracar. Pode ter sido construída a mando do Patrão-mor do porto, cargo que já existia em 1654. E, de acordo coma crença popular, tornou-se porto de encontro com almas penadas. 

A história da Cruz do Patrão

A Cruz do Patrão (1745-1776)
Datada do século XVII (1745-1776), o marco é formado por uma negra coluna dórica, tendo no alto uma cruz. Feita de alvenaria, com seis metros de altura 2 de diâmetro, Servia de ponto de balizamento para a entrada dos navios no porto a partir de seu alinhamento com a torre da igreja de Santo Amaro das Salinas. A cruz original era de madeira e, segundo Pereira da Costa, o monumento teria sido construindo no incio do século XIX.  coluna foi construída no meio do istmo, mas de presente se acha quase fora do mesmo, em virtude da constante perda de terreno desagregado pela corrente do Rio Beberibe. Este secular monumento era lugar de execuções capitais e, pela sua localização fora da cidade, local de mistérios que assombram o imaginário popular. O monumento não tem inscrição alguma, notam-se porém, no alto da cruz, em ambas as faces, as iniciais - I.NR.I.- dispostas em duas linhas, em alguns documentos posteriores aquela época se encontra o monumento designado pelo nome da Cruz do Patrão-mor, o que parece indicar que foi construída por algum Patrão - mor do Porto do Recife.
Era nas imediações da Cruz do Patrão, que se enterravam os negros novos ou escravos que chegavam da costa da África e que morriam pagãos e também onde se executavam as penas capitais de fuzilamento impostas aos militares. a Cruz do Patrão tem também sua parte romântica, as suas lendas e tradições populares, de cujo assunto se ocupou Franklin Távora, autor do livro "O Cabeleira" segundo o escritor, acreditava-se que todo individuo que passasse pelas imediações da Cruz do Patrão a noite veria almas penadas ou seria perseguido por espíritos malignos, outro romancista chamado Carneiro Vilela, autor do livro "O esqueleto", transformou aquele sítio lúgubre em cenário de encontro para o personagem Felipe e sua noiva. O detalhe é que este encontro se deu depois da morte da moça.
No local ocorreram fatos trágicos que superam a perversidade concebida pela ficção. Conta-se de um estudante que foi assassinado e seu corpo foi encontrado junto a Cruz. Culpou-se um soldado, que foi preso e mandado para Fernando de Noronha. Tempos depois se descobriu que o culpado seria outro individuo, que cometera o crime animado por um "espirito infernal". Mas a revelação chegou tarde, o soldado acabou morrendo na prisão da ilha.
foto da revista Mundo Estranho do mês de fevereiro 2014
A Cruz do Patrão tornou-se lugar ideal para reuniões de feiticeiros praticantes das artes mágicas vindas do continente africano. Já que muita gente preferia o caminho mais longo entre Olinda e Recife, evitando assim passar pelo istmo guardado pela Cruz do Patrão, esses encontros aconteciam principalmente nas noites de São João, e num desses encontros teve como ápice o aparecimento do próprio Exu, figura com olhos de fogo e preto feito carvão. O espirito dirigiu suas atenções a uma moça que participava do culto e a perseguiu até o rio Beberibe, onde ela se atirou.







No século XX, a cruz ainda fez outras vítimas, veja, por exemplo, esta nota publicada pelo jornal A Província em 15 de setembro de 1929, sob o título "Na Cruz do Patrão, um marítimo morreu afogado".

"Na aldeia do Brum, bairro do Recife, residia Cyriaco de Almeida Catonho, remador da praticagem da barra. Pela manhã de  ontem, cerca de seis horas, aquele marítimo deixou a sua residência indo banhar-se na Cruz do Patrão, local onde várias pessoas têm morrido afogadas. Em certo altura do banho, alguns companheiros de Cyriaco Catonho que se encontravam nas proximidades da Cruz do Patrão observaram ele pedir socorro. É que sua vida perigava. Trataram de dar os socorros solicitados. Infelizmente, porém, estes não deram o resultado esperado.
Cyriaco Catonho havia se submergido. Comunicado à Polícia Marítima, foram iniciadas as pesquisas para o fim de ser encontrado o cadáver. A polícia do Primeiro Distrito também tomou conhecimento da ocorrência. O morto era casado e deixou um filho de dois meses".

Em uma das escavações realizadas no lugar, foi descoberto um cemitério clandestino, aonde os donos de navios negreiros enterravam seus mortos, bem abaixo da cruz, o que fortalece a ideia de que os espíritos raivosos dos negros assassinados ainda habitam o locam, assustando as pessoas que passam próximas ao monumento. Maria Graham, uma inglesa que visitou o Recife , conta no livro de viagens que escreveu sobre o Brasil do século XIX, que viu no local cadáveres mal enterrados, com pés e pernas sobre a terra. A Cruz do Patrão pode ser vista por quem passa pela ponte do Limoeiro, embora poucos saibam o que ela representa. O esquecimento a que está submetida seria obra dos espíritos malignos  e almas penadas que habitam o local? Ou seria conseqüência do nosso descaso com os monumentos que preservam a história cidade?









fonte de pesquisa:
http://www.recife.pe.gov.br/cidade/projetos/bairrodorecife/2_xx.htm
http://orecifeassombrado.com/wp/?p=1058

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